O MELHOR DE CUBA: O CARISMÁTICO POVO CUBANO!

   cubanos5       Em nossa viagem de janeiro de 2016 estivemos 10 dias em Cuba. Conhecemos lugares incríveis, arquitetura fantástica e paisagens naturais de tirar o fôlego graças ao mar do Caribe. Contudo, nada nos apaixonou mais do que a principal atração da ilha: os cubanos. Trata-se de um povo extremamente simples, muito instruído, extrovertido, simpático e que ama os brasileiros. Basta dizer que você é brasileiro para arrumar um “amigo” para um bom e longo papo.

         Ao longo dos dias na ilha tentamos nos aproximar e conhecer um pouco mais da realidade do povo cubano. O resultado foram histórias de vida emocionantes e depoimentos muito cubanos4interessantes. Infelizmente, perdemos muitos detalhes das conversas, pois fizemos o registro no celular e este, foi furtado no metrô na Cidade do México. Mesmo assim, ficar com essas estórias apenas na nossa memória seria egoísmo de nossa parte.Por isso, optamos em fazer esse post contando um pouco da história de alguns dos personagens da nossa viagem. Com certeza, após ler esses relatos você terá ainda mais vontade de conhecer esse lugar abençoado.

      cubanos  Como contaremos mais adiante, nos hospedamos em casas de família, para ter um contato mais próximo com o povo local. Logo, nosso café da manhã era sempre cheio de risadas e histórias para dividir. Começamos falando do Luiz (foto ao lado), 49 anos, proprietário do Hostal Corazon del Vedado, casa que ficamos em Havana. Luiz é engenheiro e já viajou bastante a trabalho pelo governo. Tem uma ótima visão de mundo. Morou 6 anos em São Petersburgo, voltou para Cuba e fez dois anos de curso de inglês (subsidiado pelo governo) e foi então para Suécia, Bulgária e China. Com a possibilidade de abrir sua casa para os turistas, Luiz viu a chance de aumentar sua renda e, hoje, vive somente disso. É um cara que parece se dar bem com todos, arranja negócio para ajudar os vizinhos (como traslados para a rodoviária e aeroporto) e conhece várias casas de família em outras cidades para indicar ao turista. Ele nos contou que sua família vivia muito bem na época das relações de Cuba com a União Soviética, que viviam com fartura e sobrava dinheiro. Após a dissolução da União Soviética, a família passou por um período muito difícil e, somente após a entrada do turismo em suas vidas, as coisas começaram a mudar. Atualmente vivem relativamente muito bem. Luiz foi um dos poucos cubanos que assumiu gostar mais de Raul do que Fidel, por achar Raul um homem “mais descontraído”. Nos contou que hoje existe uma liberdade para se falar o que se pensa do governo, mas que não se pode escrever nada que vá contra o governo cubano.

        Na casa do Luiz conhecemos a Julia que trabalha preparando o café da manhã e cubanos1fazendo a limpeza dos quartos. Julia (esquerda na foto) é um amor de pessoa e estava sempre disposta a um bom bate papo. É técnica agrícola e, há dois anos, trabalha com o turismo, sendo que está na casa de Luiz há um ano. Seu marido é engenheiro agrícola, licenciado em agroecologia, e trabalha em uma indústria do governo. Seu filho estuda medicina há quatro anos. Pela manhã ele estuda e, na parte da tarde, participa de práticas nos hospitais, contribuindo para o excelente funcionamento dos hospitais cubanos. Um dos sonhos do filho é, após formado, trabalhar como médico no Brasil, pois acredita que isso é uma forma de humanismo. Ao falarmos sobre o sistema político, Julia foi se abrindo aos poucos. Para ela, Raul é uma boa pessoa, mas Fidel era melhor.  “Mais próximo do povo, Fidel era um pai”. Seus olhos se encheram de lágrimas ao falar de Fidel. Questionamos Julia sobre alguns moradores de rua que vimos em Havana e, segundo ela, as pessoas que vivem na rua, vivem por opção, pois tem casas próprias ou então a possibilidade de ir para abrigo de idosos. Segundo ela, não lhes falta nada. Caso as pessoas tenham problemas, têm acesso gratuito a psiquiatras. Depois de Fidel, Julia adorava nos contar de Viñales, sua cidade natal. Disse que é linda, repleta de montanhas e natureza. Ficamos com muita vontade de conhecer. Adoramos presenciar a relação maternal dela com Vicenzo, um italiano de Napoli, que estava pela quarta vez em Cuba e na casa do Luiz. Vicenzo já era considerado membro da família.

cubanos6        Em nossa visita ao Hotel Nacional, lugar histórico na Revolução Cubana, nos deparamos com um senhor (foto ao lado) cuidando de um pequeno Museu que conta a importância do Hotel na Revolução. Bastou um sorriso e saber que éramos brasileiros para ele nos contar sua história. Ele era criança na época da revolução. No dia 1º de janeiro de 1959, dia D da Revolução, fraturou a cabeça e recorda perfeitamente  que os hospitais estavam um caos, ninguém trabalhava esperando o triunfo da revolução. Seu pai sempre lhe contava que antes da revolução sua família era composta de agricultores e eles precisavam trabalhar muito para ter acesso ao básico para sobreviver. Mesmo trabalhando exaustivamente, passaram fome. Depois da revolução, toda família tinha casa e alimento. Trabalha no hotel desde muito cedo. E termina sua fala dizendo que é muito grato ao Brasil pela ajuda à Cuba, em especial a construção do Porto de Mariel. Para ele, “brasileiros e cubanos são irmãos”.

        Ainda por causa do Luiz, conhecemos o seu vizinho. Ex-enfermeiro, hoje trabalha fazendo traslados com seu carro para os hóspedes do Luiz. Crítico do sistema  político e social de Cuba, é um legítimo reclamão. Largou a profissão, pois paga muito pouco e, para ele, é impossível viver com o salário que o governo paga (no máximo, 25 CUCs – US$ 25 – mensais). É casado com uma enfermeira que trabalha na Clínica de Oncologia do Governo e, segundo ele, ela não larga a profissão porque gosta muito do que faz. Na sua visão é bom que a mulher trabalhe bastante, de oito a dez horas ao dia, assim fica ocupada enquanto ele ganha o dinheiro para sustentar a casa. Ismael tem dois filhos. Um está no primário e o outro está no penúltimo ano do secundário. Após o término do colegial, o filho terá que prestar uma prova para entrar na universidade. Ambos têm escola pública de turno integral. Pela parte da manhã, aulas tradicionais e à tarde, atividades ligadas ao esporte e a cultura. O governo dá a alimentação enquanto os filhos estão na escola, mas os dele levam de casa, pois Ismael acha a comida da escola ruim. Ao questionarmos sobre o sistema político, ele é direto: gosta de Raul pois é mais aberto, mas para ele, independente do tipo de governo, cada um tem que trabalhar por si e ponto. “Pobre é pobre e rico é rico”. Na sua visão Cuba precisa melhorar muito, pois não produz nada e tem um custo de vida muito elevado. O custo de vida aumentou muito e os locais pagam tudo do mesmo modo que os turistas. O carro dele custou 20 mil CUCs (US$ 20.000) e ele tem  o mesmo veículo há dez anos. Tem uma irmã que mora em Paris e para ele, lá é o lugar perfeito para se viver, segundo relatos da irmã. Foi uma das poucas pessoas que nos pareceu repleto de ideias capitalistas.

       cubanos8Ainda graças ao  Luiz, conhecemos o Restaurante El Carmelo, bem próximo ao Hostal. Foi ali que conhecemos os jovens Darian (foto ao lado) e Gisele (foto abaixo), ambos garçons do restaurante. Eles estudam gastronomia. O governo subsidia todo o estudo e, em troca, fazem estágio não remunerado em restaurantes do governo. O estágio tem duração de um ano e meio e, durante esse período, os estudantes são constantemente avaliados. Darian mora cerca de 25 km do restaurante, trabalha dia sim, dia não. No dia que trabalha, acorda as 6:30 da manhã e volta para casa na madrugada, 2:30 da manhã. É um menino muito prestativo e simpático. Ao perguntarmos se no dia seguinte iria dormir para descansar, acubanos7briu o sorriso e disse: “Não, amanhã é dia de dar umas voltinhas”.  A Gisele trabalhava nos dias intercalados do Darian. Também muito prestativa e simpática, morava há uns 30 minutos do trabalho. Nos contou que eles precisavam comprar seu uniforme para trabalhar, mas que mesmo assim vale a pena, pois ganham gorjetas (propinas) dos clientes. Nos melhores dias, Gisele consegue tirar cerca de 10  CUCs (US$ 10) de gorjeta. Espera ser contratada pelo governo após o término do estágio.

           Já na cidade de Trinidad, ficamos hospedados no Hostel Nerelys, propriedade do Abdel. Trabalha para o governo, mas como tem um quarto a mais em sua casa, viu a possibilidade de aumentar sua renda recebendo turistas.  É um cara cheio de vida e muito prestativo. Adorava nos falar que dormir é desperdício de vida. Em uma das noites, chegamos em casa por volta das 11h  e ele estava muito concentrado em frente ao seu computador assistindo um DVD com um discurso de Fidel do anocubanos2 de 2003.  Ainda em Trinidad, conhecemos o Raul (foto ao lado), que tem esse nome em homenagem a Raul Castro. Há sete anos largou sua profissão, veterinário do governo, para se dedicar exclusivamente ao turismo. Hoje é taxista e faz traslados da cidade até a praia. Nos contou um pouco de sua vida e de como as coisas por ali melhoraram com a chegada dos turistas na cidade.

             Voltando para Havana, conhecemos de uma maneira um tanto curiosa uma família. Estávamos chegando na rodoviária e os taxistas queriam nos cobrar uma valor absurdo para nos levar até a casa do Luiz. Foi quando um senhor parou seu carro e nos ofereceu um valor super justo. Acontece que no carro já estava sua mulher e sua filha. Era domingo e estavam indo almoçar, pois segundo a esposa, domingo não é dia de cozinhar. Viram na gente a possibilidade de ganhar um troquinho. A filha estuda inglês e pretende trabalhar com o turismo que, para eles, é o grande futuro da Ilha. A mulher nos contou que tem um sobrinho médico que está trabalhando no Brasil com o Programa Mais Médicos. Antes do Brasil, trabalhou na Venezuela. Foi dessa família que ouvimos a opinião mais interessante sobre a Revolução Cubana e o sistema de governo: a Revolução cumpriu o seu papel. Foi excelente no quesito social, pois a vida do povo melhorou muito. Precisa evoluir no quesito econômico, para que sua moeda se fortaleça. Contudo, não querem perder tudo que alcançaram, como saúde e educação de ótima qualidade, orgulho do país.  Para eles é preciso uma abertura com os Estados Unidos, sem esquecer que americanos  serão sempre americanos.          cubanos3

         Poderíamos contar muitas outras histórias, mas achamos que retratam um pouquinho do carisma, educação e posição política do povo cubano. Quer conhecer mais? Visite Cuba e assim como nós, apaixone-se.

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